Definições de Empatia
A empatia é uma competência humana que tem sido muito falada e evidenciada por sua importância na atualidade. Ser empático conosco e com os que nos cercam faz a vida melhor e mais significativa.
A palavra empatia foi usada pela primeira vez por E.B. Titchener psicólogo britânico, e origina-se da palavra grega empátheia, que significa “entrar no sentimento”.
No dicionário Michaeles online empatia é definida como: a habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa ou a compreensão dos sentimentos, desejos, ideias e ações de outrem.
Segundo Marshall B. Rosenberg em seu Livro Comunicação Não Violenta, a empatia é a compreensão respeitosa do que os outros estão vivendo. Marshall cita o filósofo chinês Chuang Tzu que afirmou que empatia requer que se escute com todo o ser: “Ouvir somente com os ouvidos é uma coisa. Ouvir com o intelecto é outra. Mas ouvir com a alma não se limita a um único sentido. Portanto, exige o esvaziamento de todos os sentidos. E, quando todos os sentidos estão vazios, então todo o ser escuta.”
“Olhe com os olhos do outro, escute com os ouvidos do outro e sinta com o coração do outro.”
Alfred Adler
Alguns conceitos da Neurociência
Para entendermos a empatia pelo viés da neurociência dois conceitos são importantes:
- Teoria da mente – habilidade para compreender nossos próprios estados mentais e dos outros e predizer suas ações ou comportamentos. A teoria da mente permite que tenhamos a capacidade para entender a linguagem corporal, prever comportamentos e entender emoções das demais pessoas. Essa habilidade pode estar desenvolvida em intensidade diferente nos indivíduos e pode ser dividida em dois aspectos, um cognitivo e outro afetivo. O cognitivo, diz respeito a capacidade de mentalização, ou seja, a capacidade de identificar o estado mental da outra pessoa e o afetivo está relacionado a detectar o estado emocional dos demais – a empatia. Essa capacidade vem sendo estudada por cientistas, desde o seu desenvolvimento nas crianças. A partir das informações que adquirimos por meio da teoria da mente agimos levando em conta os demais indivíduos.
- Neurônios-espelho – Os neurônios-espelho foram descobertos pelo neurocientista Giacomo Rizzolatti e sua equipe da Universidade de Parma, na Itália. Essa descoberta se deu por acaso, pois realizavam um experimento com macacos, onde ligaram eletrodos no cérebro e a cada vez que o macaco pegava um alimento e levava a boca observaram que os neurônios no córtex pré-motor, nos lobos frontais, ficavam ativados. Certo dia alguém entrou no laboratório com um sorvete e os mesmos neurônio foram ativados no cérebro do macaco. Só observar alguém comendo, disparava a mesma circuitaria neuronal no macaco. Um exemplo: quando assistimos um filme e nos emocionamos estamos ativando as mesmas áreas cerebrais que o personagem está ativando. Portanto esses neurônios são ativados não só com o nosso movimento, mas também quando observamos o dos demais e nos permitem empatizar com aqueles que nos cercam.
A neurociência tem mostrado que a empatia é uma demonstração de manifestações conscientes e inconscientes provenientes do nosso cérebro e que relacionada ao bom funcionamento de algumas regiões cerebrais.
A falta de empatia
Portadores de psicopatia apresentam um cérebro que apresenta menor espessura da massa cinzenta no córtex pré-frontal anterior e nos lobos temporais, que seria o que explica a falta de empatia e de sentimento de culpa dessas pessoas. Na verdade, eles até podem escolher algumas pessoas por quem nutrem algum tipo de sentimento e isso os ajuda na arte da manipulação.
“Os psicopatas podem ser extremamente manipuladores, o que requer a compreensão dos pensamentos de outros.”
Dra. Arielle Baskin-Sommers
O que não é empatia
Ao ouvir os outros temos algumas tendências que nos impedem de sermos empáticos e em geral, nem percebemos isso. Dar conselhos e ou sugestões de como a pessoa deveria agir, mostrar que também estamos sofrendo tanto quanto a pessoa, procurar consolar, encerrar o assunto ou desviar a atenção da questão, interrogar, todas são maneiras de tentar nos colocar e consertar algo na situação ou na outra pessoa. Estar presente é diferente de entender intelectualmente o que o outro está passando, nosso foco deve ser direcionado aos sentimentos e necessidades por traz do que a pessoa diz ou faz.
A empatia pode ser desenvolvida?
O início do desenvolvimento da empatia se dá na infância, no convívio social com os pais e cuidadores. Contudo, mesmo depois de adultos podemos desenvolver a empatia pois os processos neurais podem ser modificados por meio da estimulação social, em qualquer idade. A essa possibilidade de modificação nos processos neurais damos o nome de plasticidade cerebral que permite que ocorram alterações na estrutura cerebral em resposta à experiência.
Estratégias para desenvolver a empatia:
- Ampliação do autoconhecimento – aprenda a gerenciar as próprias emoções, para depois poder entender as dos demais.
- Desenvolva a abertura e curiosidade por pessoas novas – procure conversar com pessoas de círculos sociais diferentes dos seus, procure entender o modelo de mundo das mesmas.
- Desenvolva sua capacidade de ouvir – ouvir de forma empática exige presença e redução da necessidade de oferecer sua opinião.
- Reduza o julgamento – julgar faz parte do ser humano, mas podemos suspende-lo quando queremos ser empáticos com outra pessoa.
- Comunique-se com empatia – saiba expressar seus sentimentos e necessidades e também ouvir os sentimentos e necessidades da outra pessoa. Aprenda a parafrasear e assim se certificar se está compreendendo o outro.
- Solicite feedback e opinião – saiba o que os outros pensam sobre o seu comportamento e sobre as situações que você está vivendo.
Como a empatia é uma forma respeitosa de compreender as outras pessoas, é interessante que para começar, procure ser cuidadoso com consigo mesmo, procure identificar o que está vivo em você e validade seus sentimentos.
Abraços,
Bibliografia
- Rosenberg B., Marshall – Comunicação Não Violenta – São Paulo – Editora Ágora – 2006
- Macedo C. Elizeu e Boggio, Paulo Sérgio – Neurociências e Psicologia Aplicadas à Vida Cotidiana – São Paulo – Mackenzie e Hogrefe -2016
- Raine, Adrian – A Anatomia da Violência – Porto Alegre – Artmed – 2015